terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Por uma Espanha aberta à vida!



Boas notícias chegam da Espanha.

Tradução de reportagem em espanhol do site Hazteoir.org:

http://www.hazteoir.org/np/fin-aborto-como-derecho-y-sistema-plazos-exito-movilizacion-ciudadana?

TERÇA-FEIRA, 31 DE JANEIRO DE 2012. - Hoje o ministro da Justiça, Alberto Ruiz Gallardón, assinalou que a reforma da lei do aborto que planeja inclui terminar com o sistema de prazos e a consideração do aborto como um direito. Isso supõe, se confirmado, que "a sociedade espanhola pode sentir-se orgulhosa de haver sido o motor imprescindível para que o novo Governo haja decidido tomar esta decisão", assinala a porta-voz de Derecho a Vivir, Gádor Joya.

"Sem deixar-nos levar por uma euforia excessiva, podemos sim dizer que nos congratulamos em parte e que estamos vivendo um momento certamente histórico" na medida em que se anuncia um retrocesso da legislação abortista e, em consequência, um avanço nas posturas de progresso em defesa da vida", enfatiza Joya.

Restam ainda, entretanto, muitas dúvidas por resolver relativamente ao conteúdo na nova legislação, pelo qual "esperamos que o comparecimento na manhã de quarta da ministra da Saúde na correspondente Comissão Parlamentar exponha com maior clareza os conteúdos concretos da nova legislação".

É preciso recordar que com o sistema anterior ao atual, a sociedade espanhola sofreu a perda de mais de um milhão de vidas, que foi cevada especialmente com os mais débeis (aborto eugênico como nos tempos do nazismo) e que permitiu a alguns, como Carlos Morín, enriquecer-se sem escrúpulos com a matança continuada de seres humanos.



Por isso, e na espera de conhecer o conteúdo da declaração de Ana Mato amanhã no Congresso, Derecho a Vivir convoca - para uma análise mais detalhada - aos meios de comunicação para uma Entrevista Coletiva quarta de manhã, 1º de fevereiro às 12:00 que será realizada na rua José Rodrigues Pinilla, 23. CP 28016, Madri.

Tradução de um trecho de uma reportagem em espanhol disponível em:

http://www.hazteoir.org/noticia/43881-gallardon-defender-derecho-vida-es-lo-mas-progresista-que-haga-en-mi-vida-politica

REDAÇÃO HO / RTVE.- O ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, defendeu nesta terça a reforma da Lei do Aborto para que seja acolhida a doutrina do Tribunal Constitucional (TC), que sustém que o aborto "não poderia supor a desproteção dos direitos do não nascido", e assegurou que "provavelmente, a coisa mais progressista que terei realizado e minha vida política, é defender o direito à vida".

No programa 'Los Desayunos de TVE', Gallardón estendeu o qualificativo de "progressista" ao resto das reformas anunciadas por seu departamento, especialmente a eliminação das quotas partidistas na eleição dos membros do CGPJ.

Em relação à proposta reforma da Lei do Aborto, que pressupõe recuperar a lei de 1985 e reintroduzir a exigência de consentimento paterno para as menores, denunciou que, em sua última reforma e atual lei em vigor, o Governo do PSOE "obviou" a proteção dos direitos do não-nascido e que o que se fará será fixar "supostos" e não prazos. Assim, será possível continuar abortando quando se produzirem os três supostos contemplado na legislação anterior, violação, má-formação do feto ou risco de saúde para a mãe.

Além disso, será "corrigido outro erro"', disse, o de que uma menor de idade possa abortar sem permissão paterna, quando se dá o paradoxo de que este consentimento é requerido para uma tatuagem ou um 'piercing'.

Questionado sobre as críticas dos que o denunciam por se tornar reacionário ao converter-se em ministro quando como alcaide implantou a pílula do dia seguinte, Gallardón foi taxativo: "Provavelmente a coisa mais progressista que já fiz em minha vida política foi defender o direito à vida".


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Uma lufada de ar fresco

Tradução de artigo em espanhol disponível em http://www.camineo.info/news/136/ARTICLE/18811/2012-01-23.html.

Autor/Fonte:
Cardenal Antonio Cañizares Llovera, Prefeito de la Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
Seg, 23 de Janeiro de 2012

Na manhã de sexta-feira, em Roma, o Papa Bento XVI recebeu em audiência vários milhares de membros do Caminho Neocatecumenal. Foi um encontro gozossímo, como uma lufada de ar fresco em tempo de estiagem. Só a fé vivida em profunda comunhão eclesial com Pedro, com seu sucessor, o Papa, pode provocar experiência semelhante, tão gratificante como estimuladora. Dava-se leitura ao decrete de aprovação das celebrações do Caminho Neocatecumenal contidas no "Diretório Catequético" dos neocatecumenais; eram enviados muitos sacerdotes e famílias, que tudo deixavam, para missão em lugares nada fáceis para o anúncio do Evangelho. O Papa, com uma alegria grande que não dissimulava, falava-lhes do significado do encontro, da missão, do seguimento de Jesus Cristo, do verdadeiro sentido e espírito da liturgia, e, finalmente, abençoava famílias e sacerdotes em missão, aos membros, responsáveis, catequistas de fundadores do Caminho Neocatecumenal - Kiko e Carmen. Havia uma especial expectativa: a aprovação, tão anelada, das celebrações, não litúrgicas, que assinalam as diferentes etapas desse Caminho de Iniciação Cristã.

Sem dúvida alguma o Caminho Neocatecumenal é uma das novas realidades eclesiais, surgidas precisamente do Concílio Vaticano II para promover uma nova evangelização de nosso mundo e renovar a iniciação cristã, tão urgente como necessária. Estimo que é uma das iniciativas mais notáveis e difundidas, suscitadas pelo Espírito Santo na Igreja, que melhor respondem tanta à natureza e exigências da Iniciação Cristã, como à necessidade imperiosa e urgente de renovar, promover e fortalecer, com vigor e identidade, uma nova pastoral dessa Iniciação Cristã, bem como dos procedentes do paganismo, bem como dos batizados insuficientemente iniciados, cuidando por completo de todos aqueles elementos que, em seu conjunto, integram uma verdadeira Iniciação Cristã de caráter catecumenal, conforme às orientações e diretrizes emanadas da Igreja no Concílio Vaticano II, e no magistério e disposições posteriores da Igreja.

No centro do Caminho Neocatecumenal percebe-se a convicção certa de que o catecumenato pertence à entranha mesma do batismo, bem seja antes de receber o batismo, bem seja posterior à sua recepção: é um caminho para viver em conformidade com quanto se significa e contém no sacramento do Batismo.

A alma e a força
A Palavra de Deus, a Eucaristia, o batismo - recebido ou por receber, e a comunidade cristã estão no núcleo mesmo deste itinerário de fé, que é acompanhado por celebrações não estritamente litúrgicas em cada uma de suas passagens ou etapas. A Eucaristia dominical, antecipada habitualmente ao sábado pela tarde na comunidades neocatecumenais é como "a alma e a força" de todo o Caminho. A celebração, no interior do itinerário próprio destas comunidades, da Eucaristia é levada a cabo de maneira muito digna e bela, com grande sentido de fé, com espírito eclesial, festivo e litúrgico, com profundo "sentido do mistério e do sagrado". A Palavra de Deus e a Eucaristia assinalam a prioridade de Deus, a iniciativa de Deus e constituem a base e a fonte que dão, alento e força às comunidades, capacidade, vigor e liberdade para dar testemunho e evangelizar.

Realmente é preciso dar graças a Deus por este dom com que enriquece a Igreja, surgido na Espanha, mas de tanto e tão fecundo influxo no mundo inteiro.





segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

É possível ter filhos e ser feliz

Tradução de reportagem do site Camineo.Info:


Autor:
MILAGROS ASENJO /ABC


Seg, 28 Dez 2009 07:49:00


"É possível querer, é possível ter filhos, é possível ser feliz". Com estas palavras expressa Yolanda, uma burgalesa mãe de doze filhos, de entre 20 anos e quatro meses, as razões de sua presença na missa das famílias. Enquanto amamenta a Clara, a caçula de seus filhos, na sala de amamentação habilitada para a ocasião, assegura que o segredo de sua numerosa família está em haver deixado que a vida chegasse a seu lar "Como Deus quisesse, sem lhe por obstáculos, pois não tenho poder nem sobre a vida nem sobre a morte".


Por que viajaram a Madri, apesar das inclemências do tempo? "A Cabeça da Igreja nos pediu e não fizemos outra coisa que obedecer", responde, ao mesmo tempo que lamenta que a família cristã esteja "quando menos muito oculta" e se mostra decidida a mudar a situação. E quis que todos seus filhos participassem da festa, apesar da madrugada e das horas de ônibus, "para que se envolvam nisto e vejam que seus pais lhes estão dizendo a verdade".


Entre a multidão congregada na Praça de Lima há uma infinidade de crianças e bebês que em sua maioria dormem placidamente.


Entre eles está Daniele, de quatro meses de idade, o menor dos quatro filhos de Gianluca e Chiara, um casal vindo de Lecce, uma cidade do sul da Itália. Junto a eles, Sara, Marta e Davide, de oito, seis e dois anos.


"Viemos a Madri para dar testemunho de nossa experiência e exemplo de família cristã à Espanha, Itália e toda a Europa", afirma Gianluca.


Como no caso de Yolanda, Gianluca e Chiara sustentam que "é possível uma família feliz". Os quatro filhos suportam o intenso frio de Madri protegidos por umas mantas e os mais pequenos dormindo em seus carrinhos.


Pouco antes de começar a cerimônia, comentam que a viagem "não foi difícil" e que os filhos se comportaram muito bem. Estamos muito contentes e é reconfortante o ambiente que se vive neste lugar". Em relação com sua numerosa família ressaltam que no casamento "o amor se realiza no fruto dos filhos". E a modo de conclusão asseguram: "Voltamos à Itália com um espírito renovado e cheios de alegria".


A poucos metros, um buliçoso grupo entretêm sua espera com canções e risos. São cinco famílias de Valverde del Camino (Huelva) que somam 15 filhos.


"Viemos no primeiro anos e não mais deixamos de fazê-lo", afirma Maria José. Todos estão de acordo em que vale a pena fazer um caminho como o que percorrem há três anos "para defender a vida e a família" e para reclamar de quem corresponda seu apoio.



As imagens deste post são da Festa da Família Cristã em Madri 2009, de autoria de Javier Cebreros. Esta e outras imagens podem ser vistas nesta página.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Festa da Sagrada Família 2009


Tradução de reportagem do site Camineo.Info:


Kiko Argüello, iniciador do Caminho Neocatecumenal, foi o promotor de que este ano a Missa pela Família, que se celebrará na Praça de Lima este domingo 27, às 10 da manhã, sob o lema "O futuro da Europa passa pela família", tenha um marcado perfil europeu. Numa entrevista concedida a ABC, Argüello comenta que, apesar da algumas iniciativas legislativas que se tem dado na Espanha, como a lei do aborto, o encontro "não terá caráter político nem se atacará a ninguém".


Por que este ano a Missa pela Família congregará a fiéis de toda a Europa?


É o terceiro ano no qual o Cardeal Rouco quis fazer este encontro a favor da família. Falando com o cardeal dissemo-lhe que a situação da família é difícil e que seria bom abrí-lo a toda a Europa. Pareceu-lhe estupendo e consultamos alguns cardeais, que mostraram seu entusiasmo e disseram que é necessário dar um testemunho; apoiar a família em toda a Europa, que está fortemente ameaçada por um ambiente laicista. Além disso, ficamos surpresos ao ver que o cardeal Barbarin, de Lyn; o cardeal Sterzinski, de Berlín; o cardeal Vallini, de Roma; o cardeal Antonelli, etc. mostraram seu apoio e disseram que vêm, ainda que seja uma data difícil, pois está em meio ao Natal.


Quantos membros do Caminho Neocatecumenal está previsto que se desloquem a Madri?


É difícil dizê-lo. Os irmãos têm tal gratidão ao Senhor, porque os abriu à vida e porque têm uma família cristã, que estão dispostos a apoiar em tudo. As últimas notícias que temos é que mais de 10.000 vêm da Itália; 700, da Croácia; 500, da França. De toda Europa virá um número enorme de pessoas. Chegarão também da Letônia, Lituania, Áustria. Da Alemanha virão mais de 800; da Espanha, cerca de 70.000. Uns 30.000 da Andaluzia; 25.000 de Valência e Múrcia. Não temos dados exatos. Sabemos, por exemplo, que somente de uma paróquia de Valência vêm 17 ônibus.


Há hoje mais razões na Espanha para reunir a família do que a um ano atrás?


Estamos em meio de uma sociedade que de alguma maneira está vomitando o cristianismo. Toda a situação que nos rodeia é um ambiente de tipo laicista. No norte da Europa - temos comunidades em Estocolmo, Noruega, Finlândia - a situação é muito difícil. A família praticamente não existe. O governo sueco, por exemplo, está muito preocupado porque se calcula que 70% das pessoas vive completamente só. A sociedade a que nos dirigimos é muito dura, pois as pessoas estão sozinhas, envelhecem sozinhas e o nível de suicídios é altíssimo. Tanto é assim que nada falam dos suicídios pela quantidade de milhares e milhares de pessoas que nele caem. E sobretudo a quantidade de casos de alcoolismo que há, que é gravíssima.


Como vê a situação da família na Espanha com iniciativas como a lei do aborto?


Na Itália estão surpresos pelo que se passa na Espanha. Tinham a idéia de que a Espanha era católica e não compreendem o que está se passando com esta lei do aborto, que permite às moças de 16 anos abortar sem a permissão dos pais. Temos que ter discernimento e compreender o que se está passando na Europa.


O que se promove com esta Missa?


Queremos que com este encontro a Igreja faça uma reflexão sobre seus próprios pecados, pois quando o Papa Paulo VI pediu com a "Humanae Vitae" que se abrissem à vida, muitos não seguiram esta palavra de Pedro. O não haver feito caso desta encíclica foi algo catastrófico pois permitiu que muitas famílias limitassem o número de filhos. O permitir que os casais não estivessem abertos à vida deu luz verde em muitos casos ao divórcio. É uma situação difícil, que necessitamos mudar. Este encontro quer dizer à Igreja: "Irmãos, obedeçamos a Pedro, abramo-nos à vida e salvaremos a Europa".


Haverá algum espaço para que os bispos e cardeais que vierem da Europa enviem alguma mensagem aos presentes?


Na primeira parte, antes que conectemos com o Papa, alguns cardeais oferecerão uma saudação aos irmãos que chegarem de toda a Europa. Não será nenhum encontro de tipo político ou social, nem se atacará a ninguém. É a Igreja, poderíamos dizer, a que está enferma e a que tem de repensar-se a si mesma.


O que tem de fazer a Igreja, segundo sua opinião?


É necessário que a Igreja ponha em marcha uma nova evangelização. O Caminho Neocatecumenal está abrindo nas paróquias uma iniciação cristã que, vivida em pequenas comunidades, mostra o amor entre eles. Queremos ajudar as famílias dizendo-lhes que Cristo venceu a morte e nos dá a vida eterna. Por isto, ânimo! Queremos dizer a todos que venham a este encontro, se crêem que a família cristã é algo positivo para o futuro de nossa sociedade.


Esta foto de Miguel Angel Gallardo mostra a Festa da Sagrada Família de 2008, na Praça de Colón, em Madri.

sábado, 16 de maio de 2009

Renovar a Família


Tradução de notícia do site Camina Y Ven:

O Instituto João Paulo II decidiu conferir a Kiko Argüello - iniciador do Caminho Neocatecumenal juntamente com Carmen Hernández - o doutorado "honoris causa" pela plena valorização da família como sujeito eclesial e social em plena concordância com o pensamento de João Paulo II.

A decisão do Pontifício Instituto para a Família de conferir o doutorado é particularmente significativa não apenas pela data - 13 de maio de 1981, festa da Virgem de Fátima é o dia no qual o Servo de Deus João Paulo II sofreu o atentado da parte de Agca - mas sobretudo porque o Instituto é parte da Universidade Lateranense, definida como a "Universidade do Papa", e foi querido pessoalmente pelo Papa Wojtyla para colaborar com a obra de evangelização a partir de um ponto de vista teológico e pastoral.

"Este instituto pretende oferecer a toda a Igreja - disse João Paulo II quando anunciou a fundação - aquela contribuição de reflexão teológica e pastoral, sem a qual a missão evangelizadora da Igreja virá a necessitar de um auxílio essencial. Este será o lugar no qual se aprofundará a consciência da verdade sobre o matrimônio e sobre a família à Luz da fé, e também com a ajuda de várias ciências humanas".

Com o dito reconhecimento se reconhece o aporte teológico e pastoral do Caminho Neocatecumenal à obra de defender a família atacada hoje por uma cultura "antifamiliar". "Nossa sociedade está desestruturando a família - disse Kiko em sua lectio doctoral - no tempo (ritmos de trabalho e horários escolares), nos componentes (uniões de fato, divórcio, etc.), no modo de viver, mas sobretudo através de uma cultura que nos rodeia contrária aos valores do Evangelho. Estamos convencidos de que a verdadeira batalha que a Igreja está chamada a sustentar no terceiro milênio, o verdadeiro desafio que deve assumir é onde se joga o futuro de nossa sociedade, é a família".

O haver levado à família o dom do batismo é o centro da motivação do doutorado. "O acercar-se a pessoa às águas do batismo - disse o professor José Noriega representando o Instituto - permitiu que o rio de água viva que mana de Cristo possa dar outra vez vida ao longo de seus afluentes, fazendo possível que a família possa reconstruir-se e florescer, ...em pequenas comunidades, nas quais a autêntica pastoral de ajuda à família, atuando assim segundo o espírito de nosso fundador o Papa João Paulo II".

O professor Noriega destacou os três principais méritos do Caminho e de seus iniciadores:

1. O ter aberto à fecundidade os casais: "os casais do Caminho tem querido viver seu amor com uma singular abertura à vida, sabendo-se colaboradores de Deus na geração das pessoas."

2. O haver aberto um caminho para reintroduzir na família uma liturgia doméstica: "um dos frutos mais significativos da missão de transmitir a fé aos filhos é haver encontrado o âmbito próprio do testemunho dos pais que ajuda os filhos a entender a relevância da Palavra na própria história concreta... É aqui de onde se vai reconhecendo uma das razões principais do grande fruto de vocações que as famílias do Caminho tem sabido aportar".

3. O haver estimulado a missão da família: "no contexto de uma espantosa secularização de vastas zonas da terra, onde a fé está em perigo de extinguir-se como uma chama que já não encontra nutrição, o Caminho Neocatecumenal soube fazer presente a Deus em uma forma singular: falo do grande testemunho das famílias em missão. Uma missão vivida por toda a família como tal, levando à paróquia e ao mundo o testemunho do que é uma família, com suas dificuldades, mas sobretudo com suas grandes esperanças".


quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Grande Família (II)



Os filhos? Correspondem ao mesmo projeto de vida. "Partimos de uma base -- explica Rafael. O que é o matrimônio? Doação. Não é comprazer-se mutuamente, senão entregar-se ao outro. O fruto disto são os filhos"..

Insistem em que não é uma questão de cifras ("vamos ter tantos e tais filhos"), senão de ver cada caso concreto, pois "cada filho é único, é uma história distinta, com suas próprias e irrepetíveis circunstâncias." .

"É muito simples... Rafael vê tudo claro como o cristal da Boêmia... estamos aqui para fazer a vontade de Deus". Paloma tampouco se altera ao dizer: "Como mãe, tenho o privilégio de ser colaboradora de Deus, sem mim, ele não pode criar" Anticoncepcionais?.

"Ou te entregas ou não te entregas -- assegura Paloma. Usar anticoncepcionais é mentir com teu corpo". Chegaram assim a 16... por enquanto. Um planejamento suicida ou romântico, conforme o ponto de vista. .

UMA ASSEMBLÉIA NAS REFEIÇÕES. O que não quer dizer que não tenham passado por dificuldades. E que não estejam conscientes da vida de trabalho e de renúncias que caiu sobre suas costas..

Entretanto dizem ser felizes..

A notícia de cada nova gravidez é acolhida pelo "povo" com grande alegria. Como todas as notícias importantes, os pais aproveitam as refeições para passá-la, a pitoresca e agitada "ágora" familiar, o único momento do dia em que estão juntos e no qual se contam as coisas..

Os Benitez dão muita importância à mesa. É uma oportunidade que Paloma e Rafael aproveitam para por a antena e detectar estados de ânimo, é como uma Torre de Babel ao contrário, em que todos se entendem..

Como me organizo? Paloma passa os olhos pelo teto, como se buscasse respostas, "Vivo cada dia. Não planejo, não posso planejar, tudo é imprevisível. Não deu para fazer tudo? Não acontece nada. .

E o marido? O que faz? "Paloma governa a casa, eu dirijo o tráfego". Não é piada. Dirigir os filhos é estar por cima deles, reuní-los em grupos para dar-lhes instruções e o que se parece com os briefings dos pilotos, e, acima de tudo, escutá-los. Os filhos passam todo o dia perguntando e pedindo. E Rafael é uma espécie de orelha enorme. "Não é apenas mantê-los e educá-los -- afirma. É algo mais. Ter filhos é dar-lhes a vida e dar a tua vida, porque cada filho te come"..

"A economia? Vivemos de milagre, vivemos cada dia". E intensamente cada dia. Rafael e Paloma estão entregues de corpo e alma ao seu trabalho de missionários seculares do Caminho Neocatecumenal, mas em troca não recebem nenhum salário. Vivem das coletas de seus "irmãos" neocatecumenais. Isto significa que estão permanentemente no ar. "Nunca nos faltou o fundamental" comentam "mas sabemos o que é viver na corda bamba". .

Seu plano de vida os obrigou a passar por não poucas estreitezas. Viveram durante anos numa casa de cinco cômodos. A casa atual, dois pisos unidos que somam oito cômodos espaçosos, foi emprestada faz um ano por um "irmão". A qualquer momento podem estar outra vez "no ar". "A mesma coisa. A qualquer momento podem nos pedir que vamos aos Estados Unidos, por exemplo, para desenvolver lá nossa tarefa de evangelização"..

Apesar de tudo, dizem ser muito felizes. Sabem que já não se usam famílias como a sua, mas nem por isto se sentem diferentes. Rafael, que como missionário sabe na ponta dos dedos as Escrituras, põe um exemplo: "É como os primeiros cristãos. Somos o sal da terra. Muito poucos, sim, mas é o sal que dá sabor"..

Reconhecem sentir-se admirados quando saem à rua e causam escãndalo por onde vão. Mas o assumem. Consideram que em uma família numerosa os filhos se educam praticamente sozinhos. "É toda uma escola de vida, de caráter. Aqui é praticamente impossível contemplar o próprio umbigo". .

Esta mesma família pode ser vista neste vídeo, realizado por volta de 2003, fazendo sua Oração de Laudes dominical com os filhos.

A Grande Família (I)



Esta é a tradução de uma reportagem do jornal espanhol El Mundo, publicada em dezembro de 1994. O texto original pode ser lido aqui.


Rafael, 40 anos, e Paloma, 37, não pensavam em ter mais do que 3 ou 4 filhos quando se casaram. A sua não é uma família numerosa, mas sim multitudinária, uma raridade em nossa época. Os Benitez são o casal espanhol que dialogou com o Papa no recente encontro com as famílias. Como vivem? Como chegam ao fim do mês? Como se organizam? Como educam sua interminável prole?

Estacionado na esquina de uma rua de Granada, onde vivem, vê-se o furgão, uma Citroen C25D branca com três fileiras de assento, e se pensa: "são eles". O veículo possui treze assentos, nove deles são oficiais com seus encostos de plástico preto, e quatro são "piratas", correspondentes a dois assentos geminados que brotaram milagrosamente do porta-malas. No porta-luvas, vermelho sobre preto, uma lata de Coca-Cola.

No fone da portaria se ouve o rumor característico de "broncas", e se sobe com certa prevenção as escadas. Imagina-se uma multidão de narizes pingando, joelhos sujos, boladas na parede e choradeira, uma mistura de A grande família e dos contos dos irmãos Grimm, com um lenhador pobre e sua fileira interminável de crianças. Mas quando se entra na casa dos Benitez, parece que erramos de endereço.

É um lar cálido, onde tudo parece limpo e recolhido, onde não se ouve uma voz mais alta do que a outra, embora não falte o contraponto de choros e risos. No vestíbulo se vê uma salão decorado com austeridade, mas também com graça. No quintal, banhos de sol.

Rafael, com sua barba de navegador solitário e seus olhos azuis, parece provado pela vida.....e pela tropa que tem ao seu encargo. De Paloma, cabelos curtos, olhos escuros, doce e tímida, ninguém diria que teve catorze partos, uma cesariana, e que tem mais um filho a caminho..

Começam a aparecer cabecinhas vermelhas e olhos insultantemente azuis, que te examinam em silêncio. Os irmãos Benitez são esbeltos, formais e disciplinados. A meninas são de chamar a atenção..

Duas coisas chamam a atenção ao vê-los. São extraordinariamente tranqüilos, a antítese da confusão, do estresse, da cara de velocidade. Correm, riem e jogam, mas sem fazer escândalos, como se uma mão invisível abaixasse o volume. No início se pensa que a harmonia durará pouco, que tudo mudará quando ganharem confiança, mas convive-se com eles um dia inteiro, incluída uma agitadora sessão fotográfica, e continuam a transmitir a mesma sensação de calma e serenidade..

Há um segunda coisa. Apresentam os filhos: Flor, Alma, Belén, Francisco Pedro, Jorge, Maria, David, Pablo, Clara, Daniel, Jesús, Miguel, Elena e Lídia, e parece que todos são gêmeos e que seus pais devem ser incapazes de saber quem é quem, e quem vem depois de quem. Nem tudo ocorre desordenadamente. Às vezes, o pai se dirige à turbamulta de irmãos e chama a um por um nome que não é o seu, e depois de ter queimado três ou quatro cartuxos, recorre ao "Como-te-chamas, vem aqui!"..

O certo é que, mais do que uma família, parecem uma população. Quinze filhos e mais um na lista de espera. Sete filhos e oito filhas. A maior, Flor, uma garota moderna e estilosa que estuda Filologia Semítica, tem vinte anos; e a menor, Lídia, uma garotinha que te olha com ceticismo de sua cadeirinha, um ano recém completado. O máximo de diferença entre um e outro é dois anos, e só há quatro destes oásis demográficos..

Quinze e vem mais um! Dezesseis preocupações; dezesseis trabalhos; dezesseis preocupações de nutrição, limpeza, vestimento e manutenção; dezesseis cabeças para ensinar e educar; dezesseis infectados de sarampo, catapora e outras doenças. .

E tudo isto para Rafael e Paloma, que não pensavam em ter mais de três ou quatro filhos quando se casaram, quase adolescentes, em Castellón, de onde são naturais e onde vivem seus pais. Tinham 20 e 17 anos respectivamente, e suas economias não davam para muito. Os dois procediam de famílias simples. Ele, concretamente, era filho de um guarda civil, corporação à qual chegou a pertencer, depois de recolocar-se na guarda militar. Os dois gostavam de crianças, mas moderadamente. Ainda que pareça uma coisa bonita, quando Paloma chegou à segunda gravidez, aquilo lhe pareceu uma multidão. Por eles mesmos, teriam parado aí.. E não apenas isto, senão que se teriam convidadado mutuamente a plantar batatas. Tinham problemas. Tinham se casado sem se conhecerem profundamente, e as surpresas começaram a aflorar á superfície, como o petróleo de um petroleiro afundado. Cada um vivia por si, não se suportavam e planejaram a separação. Chegaram a ficar alguns dias fora de seu domicílio conjugal. .

Superaram o aperto graças à sua fé religiosa. A história dos Benitez não se pode entender sem este fator. Conheceram, através de uma paróquia, o Caminho Neocatecumenal, um movimento evangelizador da Igreja Católica, e se fizeram missionários seculares. Reconstruíram seu casamento, perdoando-se e aceitando-se mutuamente, tal como eram.