Poema de Charles Péguy, poeta francês (1873-1914):Não me agrada o homem que não dorme
e que arde em sua cama de preocupação e febre
Não me agrada o homem que ao se deitar
faz planos para o dia seguinte,
o tonto!
Sabe ele por acaso
como se apresentará o dia seguinte?
Sabe sequer a cor do tempo que vai fazer?
Faria melhor em rezar.
Porque eu nunca neguei o pão de cada dia
ao que se abandona em minhas mãos
como o bastão na mão do caminhante
Me agrada o que se abandona em meus braços
como um bebê que ri
e que não se preocupa com nada
e vê o mundo através dos olhos de sua mãe.
Mas o que se põe a fazer cavilações
para o dia de amanhã,
este trabalha como um mercenário,
trabalha terrivelmente como um escravo
que dá voltas a uma roda sem fim
e -- isto entre nós -- é um imbecil.
E até me disseram que existem homens
que trabalham bem
e dormem mal,
que não dormem nada.
Que falta de confiança em mim!
Isto é quase mais grave do que se trabalhassem mal
e dormissem bem,
porque a preguiça
é um pecado menor do que a inquietude, do que a desesperação
e do que a falta de confiança em mim.
Governam muito bem durante o dia
os assuntos do dia e depois não se atrevem
a confiá-los a mim durante a noite.
O que não dorme de preocupação
é infiel à Esperança,
e esta é a pior infidelidade.
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