sábado, 16 de maio de 2009

Renovar a Família


Tradução de notícia do site Camina Y Ven:

O Instituto João Paulo II decidiu conferir a Kiko Argüello - iniciador do Caminho Neocatecumenal juntamente com Carmen Hernández - o doutorado "honoris causa" pela plena valorização da família como sujeito eclesial e social em plena concordância com o pensamento de João Paulo II.

A decisão do Pontifício Instituto para a Família de conferir o doutorado é particularmente significativa não apenas pela data - 13 de maio de 1981, festa da Virgem de Fátima é o dia no qual o Servo de Deus João Paulo II sofreu o atentado da parte de Agca - mas sobretudo porque o Instituto é parte da Universidade Lateranense, definida como a "Universidade do Papa", e foi querido pessoalmente pelo Papa Wojtyla para colaborar com a obra de evangelização a partir de um ponto de vista teológico e pastoral.

"Este instituto pretende oferecer a toda a Igreja - disse João Paulo II quando anunciou a fundação - aquela contribuição de reflexão teológica e pastoral, sem a qual a missão evangelizadora da Igreja virá a necessitar de um auxílio essencial. Este será o lugar no qual se aprofundará a consciência da verdade sobre o matrimônio e sobre a família à Luz da fé, e também com a ajuda de várias ciências humanas".

Com o dito reconhecimento se reconhece o aporte teológico e pastoral do Caminho Neocatecumenal à obra de defender a família atacada hoje por uma cultura "antifamiliar". "Nossa sociedade está desestruturando a família - disse Kiko em sua lectio doctoral - no tempo (ritmos de trabalho e horários escolares), nos componentes (uniões de fato, divórcio, etc.), no modo de viver, mas sobretudo através de uma cultura que nos rodeia contrária aos valores do Evangelho. Estamos convencidos de que a verdadeira batalha que a Igreja está chamada a sustentar no terceiro milênio, o verdadeiro desafio que deve assumir é onde se joga o futuro de nossa sociedade, é a família".

O haver levado à família o dom do batismo é o centro da motivação do doutorado. "O acercar-se a pessoa às águas do batismo - disse o professor José Noriega representando o Instituto - permitiu que o rio de água viva que mana de Cristo possa dar outra vez vida ao longo de seus afluentes, fazendo possível que a família possa reconstruir-se e florescer, ...em pequenas comunidades, nas quais a autêntica pastoral de ajuda à família, atuando assim segundo o espírito de nosso fundador o Papa João Paulo II".

O professor Noriega destacou os três principais méritos do Caminho e de seus iniciadores:

1. O ter aberto à fecundidade os casais: "os casais do Caminho tem querido viver seu amor com uma singular abertura à vida, sabendo-se colaboradores de Deus na geração das pessoas."

2. O haver aberto um caminho para reintroduzir na família uma liturgia doméstica: "um dos frutos mais significativos da missão de transmitir a fé aos filhos é haver encontrado o âmbito próprio do testemunho dos pais que ajuda os filhos a entender a relevância da Palavra na própria história concreta... É aqui de onde se vai reconhecendo uma das razões principais do grande fruto de vocações que as famílias do Caminho tem sabido aportar".

3. O haver estimulado a missão da família: "no contexto de uma espantosa secularização de vastas zonas da terra, onde a fé está em perigo de extinguir-se como uma chama que já não encontra nutrição, o Caminho Neocatecumenal soube fazer presente a Deus em uma forma singular: falo do grande testemunho das famílias em missão. Uma missão vivida por toda a família como tal, levando à paróquia e ao mundo o testemunho do que é uma família, com suas dificuldades, mas sobretudo com suas grandes esperanças".


quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Grande Família (II)



Os filhos? Correspondem ao mesmo projeto de vida. "Partimos de uma base -- explica Rafael. O que é o matrimônio? Doação. Não é comprazer-se mutuamente, senão entregar-se ao outro. O fruto disto são os filhos"..

Insistem em que não é uma questão de cifras ("vamos ter tantos e tais filhos"), senão de ver cada caso concreto, pois "cada filho é único, é uma história distinta, com suas próprias e irrepetíveis circunstâncias." .

"É muito simples... Rafael vê tudo claro como o cristal da Boêmia... estamos aqui para fazer a vontade de Deus". Paloma tampouco se altera ao dizer: "Como mãe, tenho o privilégio de ser colaboradora de Deus, sem mim, ele não pode criar" Anticoncepcionais?.

"Ou te entregas ou não te entregas -- assegura Paloma. Usar anticoncepcionais é mentir com teu corpo". Chegaram assim a 16... por enquanto. Um planejamento suicida ou romântico, conforme o ponto de vista. .

UMA ASSEMBLÉIA NAS REFEIÇÕES. O que não quer dizer que não tenham passado por dificuldades. E que não estejam conscientes da vida de trabalho e de renúncias que caiu sobre suas costas..

Entretanto dizem ser felizes..

A notícia de cada nova gravidez é acolhida pelo "povo" com grande alegria. Como todas as notícias importantes, os pais aproveitam as refeições para passá-la, a pitoresca e agitada "ágora" familiar, o único momento do dia em que estão juntos e no qual se contam as coisas..

Os Benitez dão muita importância à mesa. É uma oportunidade que Paloma e Rafael aproveitam para por a antena e detectar estados de ânimo, é como uma Torre de Babel ao contrário, em que todos se entendem..

Como me organizo? Paloma passa os olhos pelo teto, como se buscasse respostas, "Vivo cada dia. Não planejo, não posso planejar, tudo é imprevisível. Não deu para fazer tudo? Não acontece nada. .

E o marido? O que faz? "Paloma governa a casa, eu dirijo o tráfego". Não é piada. Dirigir os filhos é estar por cima deles, reuní-los em grupos para dar-lhes instruções e o que se parece com os briefings dos pilotos, e, acima de tudo, escutá-los. Os filhos passam todo o dia perguntando e pedindo. E Rafael é uma espécie de orelha enorme. "Não é apenas mantê-los e educá-los -- afirma. É algo mais. Ter filhos é dar-lhes a vida e dar a tua vida, porque cada filho te come"..

"A economia? Vivemos de milagre, vivemos cada dia". E intensamente cada dia. Rafael e Paloma estão entregues de corpo e alma ao seu trabalho de missionários seculares do Caminho Neocatecumenal, mas em troca não recebem nenhum salário. Vivem das coletas de seus "irmãos" neocatecumenais. Isto significa que estão permanentemente no ar. "Nunca nos faltou o fundamental" comentam "mas sabemos o que é viver na corda bamba". .

Seu plano de vida os obrigou a passar por não poucas estreitezas. Viveram durante anos numa casa de cinco cômodos. A casa atual, dois pisos unidos que somam oito cômodos espaçosos, foi emprestada faz um ano por um "irmão". A qualquer momento podem estar outra vez "no ar". "A mesma coisa. A qualquer momento podem nos pedir que vamos aos Estados Unidos, por exemplo, para desenvolver lá nossa tarefa de evangelização"..

Apesar de tudo, dizem ser muito felizes. Sabem que já não se usam famílias como a sua, mas nem por isto se sentem diferentes. Rafael, que como missionário sabe na ponta dos dedos as Escrituras, põe um exemplo: "É como os primeiros cristãos. Somos o sal da terra. Muito poucos, sim, mas é o sal que dá sabor"..

Reconhecem sentir-se admirados quando saem à rua e causam escãndalo por onde vão. Mas o assumem. Consideram que em uma família numerosa os filhos se educam praticamente sozinhos. "É toda uma escola de vida, de caráter. Aqui é praticamente impossível contemplar o próprio umbigo". .

Esta mesma família pode ser vista neste vídeo, realizado por volta de 2003, fazendo sua Oração de Laudes dominical com os filhos.

A Grande Família (I)



Esta é a tradução de uma reportagem do jornal espanhol El Mundo, publicada em dezembro de 1994. O texto original pode ser lido aqui.


Rafael, 40 anos, e Paloma, 37, não pensavam em ter mais do que 3 ou 4 filhos quando se casaram. A sua não é uma família numerosa, mas sim multitudinária, uma raridade em nossa época. Os Benitez são o casal espanhol que dialogou com o Papa no recente encontro com as famílias. Como vivem? Como chegam ao fim do mês? Como se organizam? Como educam sua interminável prole?

Estacionado na esquina de uma rua de Granada, onde vivem, vê-se o furgão, uma Citroen C25D branca com três fileiras de assento, e se pensa: "são eles". O veículo possui treze assentos, nove deles são oficiais com seus encostos de plástico preto, e quatro são "piratas", correspondentes a dois assentos geminados que brotaram milagrosamente do porta-malas. No porta-luvas, vermelho sobre preto, uma lata de Coca-Cola.

No fone da portaria se ouve o rumor característico de "broncas", e se sobe com certa prevenção as escadas. Imagina-se uma multidão de narizes pingando, joelhos sujos, boladas na parede e choradeira, uma mistura de A grande família e dos contos dos irmãos Grimm, com um lenhador pobre e sua fileira interminável de crianças. Mas quando se entra na casa dos Benitez, parece que erramos de endereço.

É um lar cálido, onde tudo parece limpo e recolhido, onde não se ouve uma voz mais alta do que a outra, embora não falte o contraponto de choros e risos. No vestíbulo se vê uma salão decorado com austeridade, mas também com graça. No quintal, banhos de sol.

Rafael, com sua barba de navegador solitário e seus olhos azuis, parece provado pela vida.....e pela tropa que tem ao seu encargo. De Paloma, cabelos curtos, olhos escuros, doce e tímida, ninguém diria que teve catorze partos, uma cesariana, e que tem mais um filho a caminho..

Começam a aparecer cabecinhas vermelhas e olhos insultantemente azuis, que te examinam em silêncio. Os irmãos Benitez são esbeltos, formais e disciplinados. A meninas são de chamar a atenção..

Duas coisas chamam a atenção ao vê-los. São extraordinariamente tranqüilos, a antítese da confusão, do estresse, da cara de velocidade. Correm, riem e jogam, mas sem fazer escândalos, como se uma mão invisível abaixasse o volume. No início se pensa que a harmonia durará pouco, que tudo mudará quando ganharem confiança, mas convive-se com eles um dia inteiro, incluída uma agitadora sessão fotográfica, e continuam a transmitir a mesma sensação de calma e serenidade..

Há um segunda coisa. Apresentam os filhos: Flor, Alma, Belén, Francisco Pedro, Jorge, Maria, David, Pablo, Clara, Daniel, Jesús, Miguel, Elena e Lídia, e parece que todos são gêmeos e que seus pais devem ser incapazes de saber quem é quem, e quem vem depois de quem. Nem tudo ocorre desordenadamente. Às vezes, o pai se dirige à turbamulta de irmãos e chama a um por um nome que não é o seu, e depois de ter queimado três ou quatro cartuxos, recorre ao "Como-te-chamas, vem aqui!"..

O certo é que, mais do que uma família, parecem uma população. Quinze filhos e mais um na lista de espera. Sete filhos e oito filhas. A maior, Flor, uma garota moderna e estilosa que estuda Filologia Semítica, tem vinte anos; e a menor, Lídia, uma garotinha que te olha com ceticismo de sua cadeirinha, um ano recém completado. O máximo de diferença entre um e outro é dois anos, e só há quatro destes oásis demográficos..

Quinze e vem mais um! Dezesseis preocupações; dezesseis trabalhos; dezesseis preocupações de nutrição, limpeza, vestimento e manutenção; dezesseis cabeças para ensinar e educar; dezesseis infectados de sarampo, catapora e outras doenças. .

E tudo isto para Rafael e Paloma, que não pensavam em ter mais de três ou quatro filhos quando se casaram, quase adolescentes, em Castellón, de onde são naturais e onde vivem seus pais. Tinham 20 e 17 anos respectivamente, e suas economias não davam para muito. Os dois procediam de famílias simples. Ele, concretamente, era filho de um guarda civil, corporação à qual chegou a pertencer, depois de recolocar-se na guarda militar. Os dois gostavam de crianças, mas moderadamente. Ainda que pareça uma coisa bonita, quando Paloma chegou à segunda gravidez, aquilo lhe pareceu uma multidão. Por eles mesmos, teriam parado aí.. E não apenas isto, senão que se teriam convidadado mutuamente a plantar batatas. Tinham problemas. Tinham se casado sem se conhecerem profundamente, e as surpresas começaram a aflorar á superfície, como o petróleo de um petroleiro afundado. Cada um vivia por si, não se suportavam e planejaram a separação. Chegaram a ficar alguns dias fora de seu domicílio conjugal. .

Superaram o aperto graças à sua fé religiosa. A história dos Benitez não se pode entender sem este fator. Conheceram, através de uma paróquia, o Caminho Neocatecumenal, um movimento evangelizador da Igreja Católica, e se fizeram missionários seculares. Reconstruíram seu casamento, perdoando-se e aceitando-se mutuamente, tal como eram.