quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dia histórico na CCJ

O Projeto de Lei 1135/91, que modifica o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) para suprimir a criminalização do aborto (na prática a legalização do aborto no Brasil) foi derrotado em votação histórica na Comissão de Seguridade Social e Família. Depois que os deputados favoráveis (à descriminalização) se retiraram do Plenário, o resultado foi 33 x 0 em favor da vida. Uma das razões para essa grande vitória foi a mobilização das bases, manifestando-se junto aos deputados de seu Estado.

Posteriormente, o projeto foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). A comissão acolheu o parecer do relator, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que considerou a proposta inconstitucional.

Manifestaram-se contra o parecer do relator apenas os deputados José Genoíno (PT-SP), Eduardo Valverde (PT-RO), José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Regis de Oliveira (PSC-SP).

Mais uma vitória em defesa da vida!


sexta-feira, 11 de julho de 2008

Recordando Loreto, 1995

Nunca participei de uma JMJ, mas em 1995 o Papa João Paulo II promoveu um encontro de jovens da Europa na Esplanada de Montorso, em Loreto (o texto desta homilia está em italiano). O Caminho Neocatecumenal levou também jovens da América. E lá estive eu.

Dentre as recordações desta viagem, muitas cenas marcantes. Hospedados em uma cidade próxima, fomos a pé até a esplanada, através de uma estrada pela qual passavam jovens de todo o mundo. Foi impressionante. Íamos cantando. O canto "Quero andar a Jerusalém", ficou-me impresso na memória:

Quero andar, mãããaaaaae, aáááaaahh Jerusalééeeem.

A comer as ervas. E saciar-me delas.

Foram muitas e diferenciadas emoções. A primeira viagem de avião. Roma, onde estivemos vários dias, e assistimos a uma das audiências públicas de João Paulo II nas quartas-feiras, com direito a assentos reservados na Praça de São Pedro. Vi toda a riqueza da Basílica de São Pedro, e por trás de uma porta de vidro o belíssimo túmulo de São Pedro. Visitamos diversas cidades e santuários italianos. Em Florença estivemos na Paróquia São Bartolomeu, em Scandicci, onde Kiko Argüello pintou o que deve ser a 1ª versão de sua célebre "Corona Mistérica".

De Assis ficou uma das imagens mais marcantes. O túmulo de São Francisco. São Francisco está lá, sepultado em uma coluna de pedra. Um túmulo humilde e impactante. Se a visita a um santuário é um encontro com uma presença, lá tive diante de mim a São Francisco, com sua singular e chocante vida na pobreza.

Tivemos um encontro vocacional com os iniciadores do Caminho em Porto San Giorgio, bem perto de Loreto, outro belíssimo lugar. Daquele encontro guardei o que disse Cármen Hernandez. A todos nós que lá estávamos, Deus chamava a uma grande missão.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Quem foi Giorgio Frassati? (III)

Convida um dia um de seus amigos a um maior compromisso de caridade, a visitar e atender aos mais pobres. O amigo lhe diz que tem medo, que não se atreve a entrar em casa miseráveis, onde tudo é sujeira, onde as enfermidades contagiosas predominam por toda parte. Pier Giorgio lhe responde com sinceridade e convicção: visitar os pobres é visitar a Jesus!

Entre os pobres a providência havia previsto a chegada de sua hora definitiva. Num dias dos finais de junho de 1925, o perigo se faz realidade. Pier Giorgio contrai, depois de uma de suas visitas, uma poliomielite fulminante.

Começa a sentir fortes dores de cabeça e perde o apetite. Em sua casa, entretanto, não dão muita importância, pois tem apenas 24 anos e é um jovem robusto. Além disto, a avó se encontra em estado grave, e todos estão voltados para ela.

Pier Giorgio sente como o mal avança, sem que seja atendido devidamente. Só quando se encontra já em uma situação dramática, seus pais se dão conta e reagem. Demasiado tarde. Desesperados, pedem um soro especial ao instituto Pasteur de Paris, mas já não há nada por fazer.

Com a humildade e o desapego com o qual havia vivido enfrentava agora, em plena juventude, a morte. Ou melhor, o encontro com aquele Jesus que tanto havia amado, pelo qual havia lutado na universidade e na rua, entre os pobres ou entre os jovens de classe média pouco ativos em sua fé.

Por isto não pareceu estranho seu último gesto. Pediu a sua irmã Luciana que pegasse em sua casa uma caixa com injeções, e escreveu por cima o endereço da pessoa à qual se devia levar o remédio.



A morte chegou em 4 de julho de 1925. Os funerais se realizaram dois dias depois. Foram uma explosão de carinho e afeto dirigidos a um jovem que havia vivido para os demais. Foram também o momento no qual os pais de Pier Giorgio descobrem realmente quem havia sido seu filho, quanta gente o queria, o muito que havia feito, com simplicidade, sem espavento, nas longas horas que passava fora de casa.

"Viver sem fé, sem um patrimônio que defender, sem manter uma luta pela Verdade não é viver, mas empurrar com a barriga...". A vida de Pier Giorgio foi, realmente, vida. Porque amou sua fé, e porque sua fé o levou a amar e a servir Jesus em seus irmãos.

Fernando Pascual






Quem foi Giorgio Frassati? (II)

Quando chega à Universidade, percebe um ambiente hostil contra tudo o que cheira a catolicismo. Pier Giorgio não hesita em promover atividades espirituais entre os universitários. Arriscando-se ás vezes a mais de um choque violento com grupos intolerantes (estes que se presumiam "liberais", "libertadores comunistas", ou de "patriotas", nas fileiras do fascismo).

No painel de anúncios da Universidade de Turim põe um dia, entre as muitos cartazes e folhetos que falam de festas e diversões, um cartaz convidando os estudantes à oração noturna. Os "anticlericais" decidem intervir para arrancar a "provocação" de Pier Giorgio. Ao chegar, se encontram defronte a um jovem, que defende energicamente o direito de expressar suas próprias convicções. No final o painel cai, completamente destruído, e o anúncio de Pier Giorgio é feito em pedaços...

Além do trabalho com os jovens universitários, Pier Giorgio quer dedicar-se aos mais necessitados, aos pobres, aos enfermos. Encontra também tempo para acompanhar a um sacerdote dominicano que dá catequeses aos meninos de um bairro operário, para defendê-lo dos insultos e agressões de alguns comunistas ameaçadores, e não poucas vezes se chega aos golpes...

Quando o fascismo chega ao apogeu na Itália, Pier Giorgio intui o caráter anti-católico (e anti-humano) da nova ideologia, e não hesita em confrontar-se com os novos inimigos. Fica especialmente irritado ao ver como alguns católicos demonstram sua simpatia aos fascistas. Sua fama de inimigo do novo poder chega a ser conhecida. A tal ponto que, em um domingo, quando Pier Giorgio tem uma refeição em casa com sua mãe, um esquadrão de fascistas entra para destruir tudo. Nosso jovem aparece na sala de visitas, arranca um bastão de um dos agressores e, com o bastão na mão, os obriga a fugir.

É uma vida apaixonante: compromisso social, compromisso político, compromisso militante em numerosas organizações católicas, especialmente nos grupos de universitários católicos. Compromisso, como já dissemos, entre os mais necessitados.

A muitos impressiona ver o filho dos Frassati pelas ruas, com um carro cheio de quinquilharias de gente pobre que busca uma casa, ou quando visita filhos de operários para dar-lhes catequeses. Em sua família têm-no por louco. Quase sempre chega tarde, freqüentemente sem dinheiro. Não duvida em dispensar o ônibus para dar o que lhe resta a quem possa necessitar de uma esmola.





Quem foi Giorgio Frassati? (I)

Tradução de uma reportagem em espanhol, do site Idyanunciad.com.

JMJ SIDNEY 2008: Pier Giorgio Frassati, com os jovens na Austrália

As relíquias do beato Pier Giorgio Frassati acompanharão aos jovens católicos durante os dias da Jornada Mundial d Juventude, em Sidney (15-20 de julho de 2008). Quem foi este jovem? Por que é apresentado como um exemplo para a juventude?

Pier Giorgio nasceu em 6 de abril de 1901, em uma rica família de Turim. Seu pai, Alfredo, era o fundador do jornal La Stampa, no qual eram divulgadas ideías liberais, certamente não favoráveis à Igreja. Alfredo chegou a ser embaixador da Itália na Alemanha, o que permitiu a sua família viver e estabelecer amizades no mundo alemão.

Pier Giorgio recebeu em sua casa uma educação correta, mas sem uma fé vivida. Ao iniciar a adolescência sentiu uma forte necessidade de aprofundar-se no Evangelho, de ser um cristão cem por cento. Por isto foi membro de um grande número de associações católicas: tinha um grande desejo de conhecer mais sua fé, de crescer na vida de oração, de viver em um sincero compromisso pelos demais, seja na assistência social, seja no ensinar e dar testemunho de suas convicções cristãs.

Entre seus escritos encontramos estas linhas que explicam por si mesmas o que havia em seu coração: "Cada dia compreendo melhor a graças de ser católico. Viver sem fé, sem um patrimônio que defender, sem manter uma luta pela Verdade não é viver, mas empurrar com a barriga... Através de cada desilusão, inclusive, temos que recordar que somos os únicos que possuímos a verdade".

terça-feira, 8 de julho de 2008

Uma Igreja populosa ou minoritária? (II)



Por isto, não me oponho absolutamente a que pessoas que não freqüentam a igreja durante todo o ano, acudam a ela ao menos no Natal ou no Ano Novo, ou em ocasiões especiais, porque esta é, de certo modo, ainda uma forma de somar-se à bendição do Santíssimo, à luz. Há de haver, portanto, tipos distintos de adesão e participação, tem que existir uma abertura interna da Igreja.

Mas não é a Igreja populosa a maior conquista da civilização religiosa? Não é a Igreja realmente massiva, acessível a todos, uma árvore cujos muitos ramos formam um teto para todas as pessoas? Pode verdadeiramente a Igreja renunciar à pretensão de ser uma Igreja popular e, em conseqüência, uma Igreja majoritária? Pois este resultado foi alcançado com enormes esforços e sacrifícios.

Temos que aceitar as perdas, mas seguiremos sendo uma igreja aberta. A Igreja não pode ser um grupo fechado e auto-suficiente. Sobretudo, necessitamos ser missionários e ensinar à sociedade estes valores que deveriam constituir sua consciência, uns valores que são o fundamento de sua existência estatal e de uma comunidade social verdadeiramente humana.

Neste sentido, a discussão sobre o que foi um dia a Igreja populosa - e que assim continuará a ser em alguns países, enquanto em outros adquirirá uma forma nova - seguramente continuará. A Igreja terá que intervir na legislação e recordar sempre as grandes constantes humanitárias da organização social humana. Pois quando o Direito carece de bases morais comuns, perde sua validez.

Vista assim, a Igreja sempre assume uma responsabilidade global. A responsabilidade missional significa precisamente que nós, como disse o Papa (João Paulo II, na época), temos de intentar realmente a neo-evangelização. Não devemos cruzar os braços e deixar que tudo o mais caia no paganismo, senão que precisamos encontrar vias para difundir de novo o evangelho entre os não crentes. Já dispomos de modelos a este respeito. O neocatecumenato é um deles, outras comunidades o intentam a seu modo. A Igreja precisa desprender grandes doses de fantasia para que o evangelho siga sendo uma força pública. Para que também forme e penetre nas pessoas, e nelas atue como fermento. Jesus disse a uma comunidade muito pequena, a dos apóstolos, que teriam de ser o fermento e o sal da terra. Aí se pressupõe a pequenez. Mas também a responsabilidade pelo todo.






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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Uma Igreja populosa ou minoritária? (I)



Transcrevo abaixo uma tradução de um trecho do livro-entrevista "Deus e o Mundo" http://www.tenacitas.pt/m_catalog_a_detalhe19.html. Nesta obra, sob a forma de uma extensa entrevista realizada pelo jornalista alemão Peter Seewald, o então Cardeal Joseph Ratzinger (atual Papa Bento XVI) explica o essencial da fé cristã. No site oficial do Caminho Neocatecumenal http://www.camminoneocatecumenale.it/all/papa.asp?id=172, encontra-se uma passagem em espanhol deste livro, na qual Ratzinger comenta sobre a nova realidade da Igreja Católica, que aos poucos se torna minoritária em diversas regiões do mundo.

Muitos anos atrás, o senhor disse algo profético sobre o futuro da Igreja: a Igreja, comentou então, irá tornar-se "pequena, terá que começar de novo. Mas, por trás desta provação, uma grande força irradiará de uma Igreja interiorizada e mais simples. Porque as pessoas de um mundo completamente planificado estarão sós até o indizível ... E então descobrirão a pequena comunidade dos crentes como algo completamente novo. Como uma esperança que lhes incumbe, como uma resposta ao que sempre tinham secretamente perguntado." Parece que o tempo lhe deu razão. O que vai acontecer na Europa?


Em primeiro lugar: se apequenará a Igreja? Quando disse isto, choveu sobre mim o reproche de pessimista. E hoje nada parece mais proibido do que o que denominamos pessimismo, e que muitas vezes é puro realismo. Com o passar do tempo, a maioria reconhece que na fase atual o número de cristãos batizados declina na Europa. Em uma cidade como Magdeburg já há apenas oito por cento de cristãos - entendamos: agregando todas as confissões cristãs. Tais fatos estatísticos revelam uma tendência indiscutível. Em relação a este aspecto, a proporção entre povo e Igreja diminuirá em determinados âmbitos culturais, como por exemplo o nosso. Com isto temos de nos defrontar, com simplicidade.









O que isto quer dizer?

A Igreja populosa pode ser algo muito formoso, mas não necessário. A Igreja dos três primeiros séculos era uma pequena comunidade, mas não sectária. Pelo contrário, não estava isolada, senão que se sentia responsável pelos pobres, pelos doentes, por toda a gente. Nela encontraram lugar todos os que buscavam a fé em um Deus, todos os que procuraram uma promessa.

A sinagoga, o Judaísmo, no Império Romano, formou um entorno de devotos que a freqüentavam, propiciando uma tremenda abertura. O catecumenato da antiga Igreja era algo muito similar. As pessoas que não se sentiam capazes de uma identificação total, podiam somar-se à Igreja, para comprovar se lograriam dar o passo de entrar nela. Esta consciência de não ser um clube fechado, mas de manter-se sempre aberta ao conjunto, é um componente inseparável da Igreja. E precisamente com a redução que vivemos das comunidades cristãs, temos que buscar estas formas de coordenar, de somar, de ser acessíveis.


(continua)

Construindo (e Reconstruindo) a Igreja (II)

Continuação da audiência papal de 14 de julho de 1976:

A segunda coisa a observar é que para nós já não se trata de construir a Igreja, mas de reconstruir, a menos que nos consideremos no campo missionário, onde a implantação, a plantatio da Igreja deve começar do primeiro anúncio do Evangelho (Cf. Ad Gentes, 3). Mas nós, nos países de antiga formação cristã, devemos ter uma atenta consciência de um fator indispensável na questão da construção da Igreja, e é a tradição, é o trabalho realizado na construção da Igreja através dos séculos, que nos precedeu. Somos os herdeiros, somos os continuadores da obra anterior; devemos ter um senso de história, e nos formarmos no espírito de fidelidade, humilde e afortunada por tudo quanto os séculos passados fizeram de vivo e autêntico na formação do corpo místico de Cristo. Devemos resguardar-nos da inconsciência do espírito revolucionário próprio de tantos de nosso tempo, que ignoram ou querem ignorar o trabalho realizado pelas gerações precedentes, e crêem poder iniciar a obra de salvação da humanidade repudiando tudo quanto a experiência, convalidada por um magistério de coerência e autenticidade, tem preservado, e recomeçar do zero o projeto de uma nova civilização. Somos sabiamente conservadores e continuadores, e não devemos temer que esta dupla qualificação, retamente compreendida, prive o trabalho atual de sua vitalidade e de sua genialidade. O trabalho a ser realizado na construção da Igreja, especialmente no campo espiritual e pastoral, é sempre novo, está sempre no princípio.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Construindo (e Reconstruindo) a Igreja (I)


Em uma convivência de salmistas do Caminho Neocatecumenal, http://www.camino-neocatecumenal.org/neo/CARISMAS/cantores/convivencia%20de%20Salmistas%201980.htm realizada em Roma, no dia 16 de março de 1980, Kiko Argüello, ao enfatizar a importância de reconstruir uma assembléia que canta e expressa a exultação do espírito, faz referência a uma série de catequeses de Paulo VI, que tem como tema a reconstrução da Igreja na presente geração. Estas catequeses foram realizadas durante as audiências papais das quartas-feiras, de 8 de julho a 15 de setembro de 1976.

Pretendo aos poucos traduzir e comentar alguns trechos destas catequeses. O original italiano da 2ª catequese está em http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/audiences/1976/documents/hf_p-vi_aud_19760714_it.html. Traduzi primeiro uma parte desta catequese, pois não percebi que na realidade a série começou uma semana antes.

AUDIÊNCIA GERAL DE PAULO VI

Quarta-feira, 14 de julho de 1976

Sumarizando um discurso que consideramos fundamental e programático para a vida cristã, dizemos e repetimos, especialmente em nosso tempo: devemos construir a Igreja. Se este edifício, que significa o projeto religioso para a humanidade, a ordem espiritual do homem enquanto indivíduo e socialmente considerado, a organização de uma sociedade na qual se realiza o pensamente de Deus sobre o mundo humano, seu plano a respeito de nossa relação real e ativa com a Divindade, seu amoroso projeto relativo a nossa salvação, a Igreja, deve ser construída no século presente, na história em que vivemos.

Construir a Igreja! Tendo em mente algumas coisas muito importantes. Em primeiro lugar, não é uma operação efetivamente nossa, mas de Cristo, de Cristo mesmo. Ele disse "Edificarei minha Igreja" (Mateus 16,18). Ele é o Artífice; ele é o operador, em certo sentido o único construtor. É uma operação cuja autêntica causa é ele mesmo. Dele depende o trabalho que queremos ver surgir, é obra sua, é obra divina. Nós, chamados ao canteiro do desígnio divino, somos seus colaboradores. "Somos - diz São Paulo - os colaboradores de Deus" (1 Cor 3,9); somos causa segunda na grande execução da obra que tem Deus, que tem Cristo, como causa primeira; somos ministros, somos instrumentos; mais na ordem da condicionalidade que da causalidade: questão teológica que fatigou grandes pensadores, tais como Santo Agostinho (Ver S. AUGUSTINI De gratia Christi, 26: PL X, 374); basta-nos aqui recordar São Paulo: "O que possuís, que não tenhais recebido?" (1Cor 4,7). Mas esta doutrina, recordemo-lo, não diminui nossa responsabilidade, nem tolhe o mérito de nossa obra; e, no tema que presentemente consideramos, confere ao nosso ministério uma grande dignidade de sermos colaboradores da obra divina, nem vanifica a necessidade do esforço humano, que de fato é chamado à total auto-doação de seu empenho na participação da obra da graça (ver 2 Cor 12, 9).
(continua)