quinta-feira, 3 de julho de 2008

Construindo (e Reconstruindo) a Igreja (I)


Em uma convivência de salmistas do Caminho Neocatecumenal, http://www.camino-neocatecumenal.org/neo/CARISMAS/cantores/convivencia%20de%20Salmistas%201980.htm realizada em Roma, no dia 16 de março de 1980, Kiko Argüello, ao enfatizar a importância de reconstruir uma assembléia que canta e expressa a exultação do espírito, faz referência a uma série de catequeses de Paulo VI, que tem como tema a reconstrução da Igreja na presente geração. Estas catequeses foram realizadas durante as audiências papais das quartas-feiras, de 8 de julho a 15 de setembro de 1976.

Pretendo aos poucos traduzir e comentar alguns trechos destas catequeses. O original italiano da 2ª catequese está em http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/audiences/1976/documents/hf_p-vi_aud_19760714_it.html. Traduzi primeiro uma parte desta catequese, pois não percebi que na realidade a série começou uma semana antes.

AUDIÊNCIA GERAL DE PAULO VI

Quarta-feira, 14 de julho de 1976

Sumarizando um discurso que consideramos fundamental e programático para a vida cristã, dizemos e repetimos, especialmente em nosso tempo: devemos construir a Igreja. Se este edifício, que significa o projeto religioso para a humanidade, a ordem espiritual do homem enquanto indivíduo e socialmente considerado, a organização de uma sociedade na qual se realiza o pensamente de Deus sobre o mundo humano, seu plano a respeito de nossa relação real e ativa com a Divindade, seu amoroso projeto relativo a nossa salvação, a Igreja, deve ser construída no século presente, na história em que vivemos.

Construir a Igreja! Tendo em mente algumas coisas muito importantes. Em primeiro lugar, não é uma operação efetivamente nossa, mas de Cristo, de Cristo mesmo. Ele disse "Edificarei minha Igreja" (Mateus 16,18). Ele é o Artífice; ele é o operador, em certo sentido o único construtor. É uma operação cuja autêntica causa é ele mesmo. Dele depende o trabalho que queremos ver surgir, é obra sua, é obra divina. Nós, chamados ao canteiro do desígnio divino, somos seus colaboradores. "Somos - diz São Paulo - os colaboradores de Deus" (1 Cor 3,9); somos causa segunda na grande execução da obra que tem Deus, que tem Cristo, como causa primeira; somos ministros, somos instrumentos; mais na ordem da condicionalidade que da causalidade: questão teológica que fatigou grandes pensadores, tais como Santo Agostinho (Ver S. AUGUSTINI De gratia Christi, 26: PL X, 374); basta-nos aqui recordar São Paulo: "O que possuís, que não tenhais recebido?" (1Cor 4,7). Mas esta doutrina, recordemo-lo, não diminui nossa responsabilidade, nem tolhe o mérito de nossa obra; e, no tema que presentemente consideramos, confere ao nosso ministério uma grande dignidade de sermos colaboradores da obra divina, nem vanifica a necessidade do esforço humano, que de fato é chamado à total auto-doação de seu empenho na participação da obra da graça (ver 2 Cor 12, 9).
(continua)

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