segunda-feira, 7 de julho de 2008

Uma Igreja populosa ou minoritária? (I)



Transcrevo abaixo uma tradução de um trecho do livro-entrevista "Deus e o Mundo" http://www.tenacitas.pt/m_catalog_a_detalhe19.html. Nesta obra, sob a forma de uma extensa entrevista realizada pelo jornalista alemão Peter Seewald, o então Cardeal Joseph Ratzinger (atual Papa Bento XVI) explica o essencial da fé cristã. No site oficial do Caminho Neocatecumenal http://www.camminoneocatecumenale.it/all/papa.asp?id=172, encontra-se uma passagem em espanhol deste livro, na qual Ratzinger comenta sobre a nova realidade da Igreja Católica, que aos poucos se torna minoritária em diversas regiões do mundo.

Muitos anos atrás, o senhor disse algo profético sobre o futuro da Igreja: a Igreja, comentou então, irá tornar-se "pequena, terá que começar de novo. Mas, por trás desta provação, uma grande força irradiará de uma Igreja interiorizada e mais simples. Porque as pessoas de um mundo completamente planificado estarão sós até o indizível ... E então descobrirão a pequena comunidade dos crentes como algo completamente novo. Como uma esperança que lhes incumbe, como uma resposta ao que sempre tinham secretamente perguntado." Parece que o tempo lhe deu razão. O que vai acontecer na Europa?


Em primeiro lugar: se apequenará a Igreja? Quando disse isto, choveu sobre mim o reproche de pessimista. E hoje nada parece mais proibido do que o que denominamos pessimismo, e que muitas vezes é puro realismo. Com o passar do tempo, a maioria reconhece que na fase atual o número de cristãos batizados declina na Europa. Em uma cidade como Magdeburg já há apenas oito por cento de cristãos - entendamos: agregando todas as confissões cristãs. Tais fatos estatísticos revelam uma tendência indiscutível. Em relação a este aspecto, a proporção entre povo e Igreja diminuirá em determinados âmbitos culturais, como por exemplo o nosso. Com isto temos de nos defrontar, com simplicidade.









O que isto quer dizer?

A Igreja populosa pode ser algo muito formoso, mas não necessário. A Igreja dos três primeiros séculos era uma pequena comunidade, mas não sectária. Pelo contrário, não estava isolada, senão que se sentia responsável pelos pobres, pelos doentes, por toda a gente. Nela encontraram lugar todos os que buscavam a fé em um Deus, todos os que procuraram uma promessa.

A sinagoga, o Judaísmo, no Império Romano, formou um entorno de devotos que a freqüentavam, propiciando uma tremenda abertura. O catecumenato da antiga Igreja era algo muito similar. As pessoas que não se sentiam capazes de uma identificação total, podiam somar-se à Igreja, para comprovar se lograriam dar o passo de entrar nela. Esta consciência de não ser um clube fechado, mas de manter-se sempre aberta ao conjunto, é um componente inseparável da Igreja. E precisamente com a redução que vivemos das comunidades cristãs, temos que buscar estas formas de coordenar, de somar, de ser acessíveis.


(continua)

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