terça-feira, 8 de julho de 2008

Uma Igreja populosa ou minoritária? (II)



Por isto, não me oponho absolutamente a que pessoas que não freqüentam a igreja durante todo o ano, acudam a ela ao menos no Natal ou no Ano Novo, ou em ocasiões especiais, porque esta é, de certo modo, ainda uma forma de somar-se à bendição do Santíssimo, à luz. Há de haver, portanto, tipos distintos de adesão e participação, tem que existir uma abertura interna da Igreja.

Mas não é a Igreja populosa a maior conquista da civilização religiosa? Não é a Igreja realmente massiva, acessível a todos, uma árvore cujos muitos ramos formam um teto para todas as pessoas? Pode verdadeiramente a Igreja renunciar à pretensão de ser uma Igreja popular e, em conseqüência, uma Igreja majoritária? Pois este resultado foi alcançado com enormes esforços e sacrifícios.

Temos que aceitar as perdas, mas seguiremos sendo uma igreja aberta. A Igreja não pode ser um grupo fechado e auto-suficiente. Sobretudo, necessitamos ser missionários e ensinar à sociedade estes valores que deveriam constituir sua consciência, uns valores que são o fundamento de sua existência estatal e de uma comunidade social verdadeiramente humana.

Neste sentido, a discussão sobre o que foi um dia a Igreja populosa - e que assim continuará a ser em alguns países, enquanto em outros adquirirá uma forma nova - seguramente continuará. A Igreja terá que intervir na legislação e recordar sempre as grandes constantes humanitárias da organização social humana. Pois quando o Direito carece de bases morais comuns, perde sua validez.

Vista assim, a Igreja sempre assume uma responsabilidade global. A responsabilidade missional significa precisamente que nós, como disse o Papa (João Paulo II, na época), temos de intentar realmente a neo-evangelização. Não devemos cruzar os braços e deixar que tudo o mais caia no paganismo, senão que precisamos encontrar vias para difundir de novo o evangelho entre os não crentes. Já dispomos de modelos a este respeito. O neocatecumenato é um deles, outras comunidades o intentam a seu modo. A Igreja precisa desprender grandes doses de fantasia para que o evangelho siga sendo uma força pública. Para que também forme e penetre nas pessoas, e nelas atue como fermento. Jesus disse a uma comunidade muito pequena, a dos apóstolos, que teriam de ser o fermento e o sal da terra. Aí se pressupõe a pequenez. Mas também a responsabilidade pelo todo.






<

Nenhum comentário: